As crônicas do velho no trem- Verdadeiramente imortal


Olá, variáveis!!! Neste mês dos namorados eu venho trazer uma nova reflexão e a história de amor da vida do Oliveira, nosso fantasma favorito, não é não?😉Para quem não conhece esse personagem e suas crônicas, basta clicar aqui para conferir os textos anteriores.

Obs.: Antes o dia oficial das crônicas do Senhor Oliveira era terça-feira, mas acabei ficando bastante tempo sem postar por motivos pessoais e agora que estou me organizando passará a ser sábado. Fiquem ligados!

Desenho produzido por Gabriel Pêra

Verdadeiramente Imortal

Em minhas reflexões anteriores já comentei sobre algumas das coisas que atravessam a linha tênue entre a vida e a morte. Mas nunca falei do mais importante, o amor, esse sim é imortal, até acho que um dia meu plasma pode se desintegrar, mas o amor, o amor vai ficar.
Quem escuta minhas histórias de quando jovem acha incabível eu ter tido uma mulher que me amasse, não fosse pelo meu dinheiro. Eu fui um homem muito insensível e alienado até os meus vinte e dois anos, quando minha mãe partiu, sei disso. Entretanto, surpreendentemente, eu amei e fui amado por uma bela dama chamada Ágata.
A moça era de um tom de marrom brilhante inconfundível, com seus cabelos negros como a pena de um corvo. Era filha de um barão amigo de meu pai, poucos tinham a certeza de que ela era bastarda, mas o falatório era grande, alguns estavam crentes de que era filha de índia por conta dos fios negros. Perto do pai ela era tratada como uma verdadeira dama da alta sociedade brasileira, com vestidos sob encomenda que a deixavam estonteante, embora quando deixada somente com a madrasta fosse tratada como uma escrava particular. Só eu sabia o quanto ela sofria.
Nossa relação foi curta, mas implacável. Aconteceu numa época em que eu acompanhava muito o meu pai em suas viagens para Minas Gerais, que eram frequentes. A hospedagem era certeira na casa de Ágata e família, foi assim que nos conhecemos. Nossa primeira conversa aconteceu quando eu, curioso, a vi sair correndo em direção ao cafezal e fui atrás ver o que acontecia, para o meu desespero ela estava se acabando em lágrimas, soluçando alto, mesmo sem saber muito bem o que fazer, acabei me sentando ao lado dela e a consolei com um abraço. Abraçá-la naquele dia foi uma das melhores decisões da minha vida. Conversamos até a noite cair com suas estrelas brilhantes, ela me contando seus problemas e eu me abrindo pela primeira vez.
Foi assim o meu primeiro e único amor, no cafezal ao entardecer, com aquela moça que teria pedido em casamento caso não houvesse sido um canalha após minha mãe sumir no mundo e meu pai começar a enlouquecer. Quando fui procurá-la já era tarde, ela estava morando em Portugal, onde estava vivendo feliz sem o ódio da madrasta. Seus doces beijos, palavras encantadoras e sonhos audaciosos ficaram só em minha mente.
Quando me vi fantasma, meu primeiro pensamento esperançoso foi que talvez encontrasse minha mãe e Ágata. Mas não, ao menos não até hoje, vagando por esse mundão. A minha teoria é que moças tão bondosas quanto as duas não ficam vagando pela Terra. Trágica ilusão terrena de que encontraremos nossos entes queridos no paraíso.
Bom, não deveria ser tão rancoroso de não tê-la encontrado após a morte, ela ainda vive em meu coração, que não bate, se é que existe ainda. O fato é que ela está em cada uma das minhas boas reflexões, em cada momento de eterno amadurecimento, nos meus pensamentos a cada vez que vejo um casal no metrô.
Minha dica aos viventes é: amem, amem como se não houvesse paraíso, porquê um dos verdadeiros êxtases após a vida é ter alguém no fundo da alma. 


Espero que o texto tenha enchido o coração de vocês com muito amor. Se acharam interessante, não deixem de compartilhar nas redes sociais, isso ajuda bastante. Comentem o que acharam aqui embaixo. Até a próxima crônica. 

Beijão!!! 😘

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