Olá, variáveis!!! Prontos para a primeira crônica do Sr. Oliveira? Se não sabem quem ele é, cliquem aqui para conhecerem esse personagem.
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Desenho produzido por Gabriel Pêra |
O que todos temem
Hoje é
sexta-feira, pelo que observo, os cobradores já saíram para o fim de semana e os
sorrisos dos que não pagam a passagem do metrô são evidentes. Tudo começa a
ficar mais quieto por aqui e a minha necessidade de gente ao meu redor só
cresce. Não ser visto já é uma lástima, agora não ser visto e ainda por cima
não enxergar ninguém é o completo sinônimo de fim.
Portanto,
aqui estou eu no meu verdadeiro fim de semana, andando pelos trilhos esperando
pela sensação agoniante de ter vários vagões ultrapassando o meu corpo
fantasmagórico, só para dar certa emoção a calmaria presente.
Acabo
por entrar em um dos vagões que ainda tinha alguma vivalma, precisamente quatro gatos pingados. Dois jovens ligados aos seus “smarfones”, “martfones”,
“iphones”, algo do tipo, conectados e ausentes do mundo. Um cara dormindo
encostado a porta esquerda, certamente levaria um grande susto ao chegar à
estação feira, tão magro como era, poderia cair com facilidade no vão entre os
trilhos. Na última cadeira, encolhida, estava uma senhora, seus olhos
brilhantes e sorriso de lado. Dos presentes foi aquela senhora quem me despertou
o sentimento aguardado naquela noite, algo mais profundo do que poderia
imaginar.
Não,
não fiquei encantado com sua beleza e caí apaixonado, acabei na realidade me
lembrando da minha vida carnal, da minha própria morte e do seu significado.
É tudo
um pouco cômico de tão patético, quando em vida eu tinha muito dinheiro, na
realidade o cheio da grana era o meu carrancudo pai. Bem, com tanto dinheiro no
bolso e nada na mente, eu era um jovem ignorante, não tinha o que acrescentar
aos outros e muito menos o que declarar de bom. Passava horas só zombando dos
desafortunados, mas também meses sem um sorriso genuíno sequer em meu rosto. Um
desalmado sem objetivo.
A graça
de que falo se materializava bem ali na minha frente, no rosto cansado daquela
trabalhadora que pegava naquele momento o último trem rumo a sua casa. Em seu
sorriso contido ela mostrava a simplicidade que nunca tive em vida, sorria por
ter dado duro e conseguido o seu pão de cada dia. Eu tinha milhares de réis e
não abria o semblante para quase nada, tive que morrer para mudar minha mente
e, como dizem, "enxergar muito além do que os olhos podem ver".
Dama de
preto que paira sobre a vida, a deusa dos defuntos é o maior medo dos feitos de
carne e osso, mal sabem eles que pior que ela, é uma vida mal-usada. Alguns
acham que a morte é a escuridão eterna, pois eu digo que é a última chance que
os espera. No entanto, não a deixem chegar para enxergarem além do superficial. Se querem mesmo ser espertos, invistam no tempo de agora. Embora a
possibilidade de virar um espectro ainda racional como eu exista, as horas
serão sempre determinantes.
Naquele
mesmo vagão em que iniciei minha análise me vi sozinho por mais uma noite fria em
Brasília, com seu clima para lá de inconstante dali a algumas horas poderia estar vagando no calor, nunca se sabe.
Esta música é para vocês se aproximarem mais do Sr. Oliveira, escutem até o fim
Foi isso, pessoal. Gostaram da primeira crônica? Comentem aqui embaixo e não se esqueçam de compartilhar, é sempre de muita ajuda. Aguardem que na semana que vem tem outro post desse fantasma.
Beijão!!! Até a próxima. 😉💓