Olá, variáveis!!! Tudo certinho? Hoje é dia de uma nova crônica do Senhor Oliveira, na realidade toda terça-feira será dia dele aqui no blog, então é só vocês ficarem ligados para não perderem nenhuma peripécia ou reflexão deste fantasma. Para quem não conhece esse personagem e suas crônicas, basta clicar aqui para conferir os textos anteriores.
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Desenho produzido por Gabriel Pêra |
Nas Garras do medo
Estava pensando que deve ser horripilante me imaginar arrastando
corrente por entre os trilhos, um velho sozinho e aparentemente sem rumo. De
fato não é a visão mais convidativa. Quem sabe um dia vocês não dão de cara
comigo dentro do metrô, eu adoraria ter companhia.
Agora falando do grotesco, entrando em um vagão no fim de tarde
escutei algo interessante sob a visão psicológica das coisas, e trágica na visão de
sociedade. Era o vagão feminino, uma moça jovem falava com a outra:
- Não aguento mais esses homens que insistem em entrar aqui, eles tem
algum problema? Será que não enxergam a placa bem grande dizendo que o carro é
exclusivo para mulheres?
A outra moça, aparentemente mais velha, concorda enquanto a primeira
continua seu discurso:
- Outro dia não me contive, o folgado entrou e ficou lá, com todas as
mulheres em silêncio só observando de canto de olho. Aí eu tive de falar que aquele
vagão era exclusivo em horário integral e que ele deveria na próxima estação
descer para entrar em um outro.
Depois de uma pausa como que para crer no que estava dizendo ela
concluiu:
- O que mais me indigna é ver que não há uma mulher sequer que abra a boca
para falar, nem mesmo para apoiar uma que tomou coragem. Eu tive medo, sim, tive
que me esconder atrás de uma pilastra após desembarcar porque o cara parecia
mal encarado e ninguém sabe o que ele poderia fazer comigo, no entanto eu disse
a ele, mesmo amedrontada.
Ouvi aquela história/ desabafo quieto, pensando que a dor daquela moça
era bem maior do que aparentava. Imaginem só, querer falar e engolir por temer
uma represália, andar sem saber o que será de ti até chegar ao seu destino.
Isso não acontece somente com as mulheres, todo mundo já sentiu medo de como as
coisas estão fora das portas de suas casas, até mesmo dentro.
Realmente o homem pode ser muito cruel, um agente do medo. Não falo do
homem macho, nem do homem mulher, falo da raça homem que teme os seus iguais. E
teme pois sabe que o homem é o lobo do homem, como o próprio Thomas Hobbes já dizia, muito antes de o metrô ser sequer imaginado.
Em repetição do nome dessa raça me sinto arrepiado, logo eu, fantasma
que “deveria” ser assustador. Como eu dizia no início dessa linha de
pensamento, a ideia da minha imagem deve ser mesmo feia e assustadora, mas não
passo de uma alma penada, deve-se mesmo é temer aos vivos, esses sim poder de fazer algo de mal.
Vocês podem até dizer que divago além da conta, entretanto não há como
negar, não importa o foco da reclamação de uma pessoa, tudo volta para o fato
de que o homem é individualista, corruptível e pode sim ser o mensageiro do caos.
Minha visão é bem pessimista neste sentido, porém me usando como exemplo
sei que de um certo modo existe jeito para tudo, então o que tenho a dizer-lhes
é mais do que clichê, embora verdade. Não deixem de lutar contra essas forças
do mal humano que rondam por ai, para isso dê de cara com o medo e mostre que
vocês são seus próprios chefes.
O mal não tira folga e a história da moça foi para mostrar que temos que
ter coragem para enfrentar tanto o medo quanto as desvirtudes do homem.
Logo depois que a ouvi desabafar, eu, que não seria capaz de fazer nada
a ela mesmo que quisesse, me senti no dever de me retirar. Ali era espaço
delas, onde se sentiam seguras.
Estava cansado de andar pelos trilhos, então desci na estação Shopping, era uma boa de se ficar para observar as estrelas e se sentir livre de dores do coração, medos, até mesmo de pensamentos. Descansei como um bom morto.
Estava cansado de andar pelos trilhos, então desci na estação Shopping, era uma boa de se ficar para observar as estrelas e se sentir livre de dores do coração, medos, até mesmo de pensamentos. Descansei como um bom morto.
Foi isso, pessoal. Gostaram da segunda crônica? Comentem aqui embaixo e não se esqueçam de compartilhar, é sempre de muita ajuda. Aguardem que na semana que vem tem outro post desse fantasma (terça-feira).
Beijão!!! Até a próxima. 😉💓